A “dor de cabeça” das cefaleias

Cefaleias, é termo médico utilizado para definir, aquilo que vulgarmente é chamado de dores de cabeça.

Segundo a Classificação internacional, existem 4 tipos de cefaleias primárias: cefaleia tipo tensão, enxaquecas, cefaleias trigémino-autonómicas e outras cefaleias primárias (sem causa conhecida).

Dentro deste grupo de perturbações, as cefaleias tipo tensão são as mais comuns, chegando a afetar mais de 50% da população de forma crónica ou episódica. Os sintomas podem durar de minutos a dias, com um enorme impacto na qualidade de vida das pessoas.

A cefaleia tipo tensão tem origem muscular. Os músculos trapézios superiores, esplénios, esternocleidomastoideu, pterigoideus, masséteres, temporais, frontais, occipitais e os sub-occipitais, são os principais responsáveis por esta sintomatologia. Cada um destes músculos pode desencadear dor na região anatómica, onde está instalado e na cabeça, em regiões específicas, também conhecidas como zonas de irradiação da dor.

O aumento da dor de cabeça causado pela palpação manual de um destes músculos é o sinal mais significativo em doentes nesta condição. Isto é, se a palpação de um ou vários destes músculos provocar a sua dor de cabeça, o mais provável é sofrer de cefaleia tipo tensional. As posturas mantidas, o stress, a ansiedade, a falta de descanso e as alterações posturais são os principais responsáveis por despoletar este tipo de sintomatologia.

A base neurofisiológica por detrás desta condição ainda não está completamente compreendida. Uma das explicações aponta para alterações no sistema nervoso central pelo prolongar das queixas no tempo. Estas alterações fazem com que estímulos que deveriam ser mecânicos sejam interpretados como dor, tornando o doente mais suscetível aos episódios de cefaleias recorrentes.

Muitas vezes, o doente, para além deste desequilíbrio, possui também outras condições músculo-esqueléticas que podem estar a contribuir negativamente para o caso clínico. Desta forma, é fundamental uma abordagem global, que não olhe exclusivamente para o local das queixas mas que relacione todas as restantes alterações do corpo, para que o tratamento da cefaleia tensional seja efetivo.

Para se conseguir o controlo da sintomatologia é sempre necessário não só compreender os grupos musculares que estão a desencadear as queixas como também todas as outras alterações estruturais, de comportamento e hábitos do dia a dia que possam contribuir para a sua perpetuação.

É importante relembrar que existem vários tipos de cefaleias com origens diferentes. As cefaleias podem ser o problema em si – cefaleia primária, ou uma consequência de um outro problema – cefaleia secundária. Por este motivo, é fundamental haver um diagnóstico médico diferencial para descartar situações mais graves ou agudas que tenham como principal sintoma a dor de cabeça.

A cefaleia tensional, embora muito prevalente, é muitas vezes subdiagnosticada, geralmente pela falta de conhecimento, facto que pode resultar em adoção de planos terapêuticos indevidos ou insuficientes.

Na bibliografia científica estão descritas várias armas terapêuticas para o controlo destas situações. A terapia manual intervém tanto no tratamento local de todas as estruturas afetadas, como no aconselhamento dos melhores hábitos de vida a adotar, em cada clínico. A evolução sentida com os tratamentos de terapia manual pode ser imediata ou progredir ao longo do tratamento, dependendo da intensidade dos outros fatores que contribuem para a sintomatologia. Se sofre deste tipo de condição, a terapia manual pode ser a resposta que procura para o controlo das suas queixas.

 

Catarina Almeida
Fisioterapeuta e Oseteopata

Clínica Fisio S. Brás

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